sábado, 23 de agosto de 2014

Seminário sobre Direito à Moradia

 Atenção, gente! Lembrem-se de nosso seminário, atividade que vale 3,0 pontos na média. Abaixo temos os grupos e seus respectivos textos para estudo e apresentação. Alguns exigem uma pesquisa, mas a maioria é possível explicar sem mais informações, basta ler com bastante atenção!

Lembrem-se que para a apresentação vocês podem utilizar recurso como datashow, lousa (para desenhar e escrever), cartazes, bom humor e concentração!
Outra coisa importante a se cuidar é da audiência: isto vale especialmente para os grupos que estão assistindo e participando da apresentação dos colegas. Ouvir é tão importante quanto estar na frente e falar!

Veja qual é seu grupo e corra atrás do trabalho!


GRUPO 1: O que é direito à moradia?

Texto: http://direitoamoradia.org/?page_id=46&lang=pt


GRUPO 2: Carta aberta à quinta conferência das cidades - FNRU

Texto: http://www.forumreformaurbana.org.br/images/manifestos/carta-aberta-5-conferencia.pdf 
 

GRUPO 3: “Quem somos”, o F.N.R.U.

Texto: http://www.forumreformaurbana.org.br/quem-somos



GRUPO 4: Espaço Urbano, Movimentos Sociais e a Luta pela Moradia 

Texto: http://enecompara2011.blogspot.com.br/2011/07/espaco-urbano-movimentos-sociais-e-luta.html

GRUPO 5: Manifesto de professores urbanistas - A crise de moradia

Texto: http://www.cartamaior.com.br/detalheImprimir.cfm?conteudo_id=30829&flag_destaque_longo_curto=L

GRUPO 6: Frente de Luta por Moradia - a FLM


GRUPO 7: Direito à cidade - texto da FLM


GRUPO 8: Prefeitura desapropriará 41 prédios para habitação popular

Documentários trabalhados em sala

Aí vai o ótimo filme LEVA!
Todos se lembram deste, né? Ah, a Nete! Ótimo documentário sobre a ocupação Mauá, na cidade de São Paulo. Recomendo que assistam mais uma vez e reflitam sobre o conteúdo de política trabalhado em sala. O filme mostra aspectos essenciais da organização política de um movimento social. 


Segue também um vídeo explicando o que é especulação imobiliária e porque as ocupações ocorrem com o intuito de expressar práticamente que moradia digna é um direito. A autoria é do movimento MTST:





Por fim, apresento o curta-metragem Entre Rios, um belo filme para contar uma história triste: encanamos nossos rios e, como se não bastasse, aterramos e construímos em cima deles! Nosso objetivo em assistir este filme é entender os fundamentos políticos dos planos urbanizadores das cidades. O ideais de domínio sobre a natureza e de um crescimento sem limites estão no fundo da discussão. Escolher o meio de transporte principal de um país ou de uma cidade tem impacto direto sobre a vida dos habitantes. O filme mostra a escolha do automóvel e como isto chegou na selva de concreto que conhecemos hoje... E vem chuva! 


A cidade e a felicidade, Aristóteles


Texto e atividade (trabalhados em sala de aula)


A cidade como condição da realização humana: a pólis na teoria de Aristóteles.

A cidade, como podemos ler neste fragmento da Política, realiza uma finalidade (telos) suprema ao gênero humano pois ela é a única a abarcar todas as demais organizações humanas. O que traduzimos por cidade é a palavra grega pólis, cujo significado vai muito além da noção de cidade apenas como um espaço físico habitado por pessoas. Como lemos acima, pólis é mais propriamente entendida como comunidade política.
Para compreender a finalidade suprema da comunidade política pólis, podemos observar que ela é resultado de interação e desenvolvimento das demais organizações humanas. Por isso, para Aristóteles, o líder de família, o senhor de escravos e o rei são figuras de autoridade diferenciadas e delimitadas em suas funções específicas, visto que correspondem a uma espécie determinada de autoridade e a uma organização humana específica (Pol 1252a9-18).
O que Aristóteles quer dizer com isso? Cada organização humana exige um tipo de autoridade distinta e disto decorre que há um exercício de poder distinto no governo de cada uma destas organizações. O líder de família, por exemplo, é autoridade que comanda seus filhos. E este saber, o de exercer esta autoridade familiar, não lhe dá autoridade de governar uma cidade inteira, por exemplo. Podemos ainda completar que uma autoridade familiar, como a do nosso exemplo, não comandará para sempre seus filhos, pois estes vão crescer e, em certo momento, deverão atingir maturidade suficiente para constituirem-se como autoridade em alguma organização humana. Assim existe um desenvolvimento natural das formas de realização humana que não se fecham nunca em uma única esfera da vida. Daí a tarefa que nos propomos aqui: a de entender qual é a finalidade última ou suprema desta organização humana chamada pólis.
Como dizíamos acima, as crianças crescem e devem se tornar responsáveis, capazes de assumir funções sociais de acordo com suas características e habilidades. A pólis, por reunir um número muito variado de organizações humanas (e também de conhecimentos) permite a cada ser humano que dela faz parte, assumir diversas ocupações que lhe dará maior realização enquanto vivente. Entendendo, porém, que estas ocupações são tanto melhores quando o que motiva a ação não é só o que é bom para aquele que age (“faço só o que eu quero”), mas aquilo que é um bem comunitário, social. O ideal desta realização humana na pólis é que o “meu desejo” pessoal também possa ser o que é o melhor para o coletivo. Assim, mesmo que eu busque o que “eu quero”, estarei agindo em favor dos meus iguais, estarei melhorando a organização humana na qual vivo e atuo. E a felicidade da vida humana se seguirá desta ação em prol do coletivo. De outra maneira, o homem poderá sentir tão somente prazer, buscando a satisfação dos desejos exclusivamente individuais.

Questões:
Responda-as no seu caderno.

  1. Por que, segundo a teoria de Aristóteles, a pólis é o estágio de realização máxima dos seres humanos?
  2. Por que o desenvolvimento de comunidades humanas distintas é um processo natural?
  3. Qual atitude garante aos homens a felicidade?
Texto para os 1ºs anos revisarem o conteúdo trabalhado:

Aula de Filosofia: excertos da obra Política, de Aristóteles.

1. Comunidade e cidade

Observamos que toda a cidade é uma certa forma de comunidade e que toda a comunidade é constituída em vista de algum bem. É que, em todas as suas ações, todos os homens visam o que pensam ser o bem. É, então, manifesto que, na medida em que todas as comunidades visam algum bem, a comunidade mais elevada de todas e que engloba todas as outras visará o maior de todos os bens. Esta comunidade é chamada 'cidade', aquela que toma a forma de uma comunidade de cidadãos.

2. Origem da cidade: casal, família, aldeia
Neste, como em outros domínios, obteremos a melhor apreciação das coisas se olharmos para seu processo natural, desde o princípio. Em primeiro lugar aqueles que não podem existir sem o outro devem formar um par. É o caso da fêmea e do macho para procriar (e isto nada tem a ver com uma escolha já que, como nos animais e nas plantas, a necessidade de progenitura é, em si, um fato natural); é ainda o caso daquele que, por natureza, manda e daquele que obedece, para preservação de ambos. É que quem pode usar o intelecto para prever, é, por natureza, governante e senhor, enquanto quem tem força física para trabalhar, é governado e escravo por natureza. Assim, senhor e escravo convergem nos interesses.
(...) [Da comunidade 'casal' e da 'senhor e escravo'] surgiu a família. Assim, a família é uma comunidade formada de acordo com a natureza para satisfazer as necessidades cotidianas. (...) Por outro lado, a aldeia é a primeira comunidade formada por várias famílias para a satisfação de carências além das necessidades diárias.
A cidade, enfim, é uma comunidade completa, formada a partir de várias aldeias e que, por assim dizer, atinge o máximo de autossuficiência (em grego: autarkheia, que quer dizer “poder próprio”). Formada a princípio para garantir a sobrevivência, a cidade existe para assegurar a vida boa. É por isso que toda a cidade existe por natureza, se as comunidades primeiras assim o foram. A cidade é o fim destas, e a natureza de uma coisa é o seu fim, já que, sempre que o processo de gênese de uma coisa se encontre completo, é a isso que chamamos a sua natureza, seja de um homem, de um cavalo, ou de uma casa. Além disso, a causa final, o fim de uma coisa, é o seu melhor bem, e a autosuficiência é, simultaneamente, um fim e o melhor dos bens.
Estas considerações evidenciam que uma cidade é uma daquelas coisas que existem por natureza e que o homem é, por natureza, um ser vivo político. Aquele que, por natureza e não por acaso, não tiver cidade, será um decaído ou sobre-humano, tal como o homem condenado por Homero como “sem família, nem lei, nem lar”; porque aquele que é assim por natureza, está, além do mais, sedento de ir para a guerra, e é comparável à peça isolada de um jogo.
A razão pela qual o homem, mais do que uma abelha ou um animal gregário, é um ser vivo político em sentido pleno, é óbvia. A natureza, conforme dizemos, não faz nada em vão, e só o homem, de entre todos os seres vivos, possui a palavra (em grego: lógos). Assim, enquanto a voz indica prazer ou sofrimento, e nesse sentido é também atributo de outros animais (cuja natureza também atinge sensações de dor e de prazer e é capaz de as indicar) o discurso (lógos), por outro lado, serve para tornar claro o útil e o prejudicial e, por conseguinte, o justo e o injusto. É que, perante os outros seres vivos, o homem tem as suas peculiaridades: só ele sente o bem e o mal, o justo e o injusto; é a comunidade destes sentimentos que produz a família e a cidade.
Além disso, a cidade é por natureza anterior à família e a cada um de nós, individualmente considerado; é que o todo é, necessariamente, anterior à parte. (...) É evidente que a cidade é, por natureza, anterior ao indivíduo, porque se um indivíduo separado não é autossuficiente, permanecerá em relação à cidade como as partes em relação ao todo. Quem for incapaz de se associar ou que não sente esta necessidade por causa da sua autossuficiência, não faz parte de qualquer cidade, e será um bicho ou um deus.

Filme “A Sociedade do Espetáculo” de Guy Debord

Para aqueles do 2º ano que gostariam de se aprofundar nas ideias do filósofo Guy Debord, segue abaixo o filme na íntegra “A sociedade do espetáculo”, dirigido pelo próprio autor. É um filme difícil pelo seu conteúdo denso, mas vale a pena ir assistindo aos poucos... Dando um tempo para refletir!



Os primeiros 15 minutos desta entrevista com Olgária Matos também é super indicado para entender mais a teoria de Debord! (Não reparem nessas corujinhas... aff! : / )